Utilitários Contábeis

GOLPES BANCÁRIOS - Bancos culpam vítimas por golpes, dizem Procon e Idec


16/09/2022
Brasil
Contábeis

Para órgãos de defesa do consumidor, os bancos não fazem o suficiente contra golpes. Apesar de investir em campanhas informativas, as instituições falham ao se isentar da responsabilidade e atribuir culpa ao cliente, dificultando também o auxílio às vítimas.

"Eles dizem a todo momento que a culpa é da vítima", diz o diretor-executivo do Procon SP, Guilherme Farid. Ele aponta que a educação é importante, mas que não é o suficiente para evitar o prejuízo provocado pelas instituições ao permitir transações que fogem do perfil do consumidor.

"A partir do momento que você resolve depositar seu patrimônio numa instituição financeira, você quer a segurança de que ele não sairá de lá sem a sua autorização. E nesse cenário, cabe ao prestador de serviço adotar todas as cautelas e tecnologias possíveis para não autorizar", explica.

Ainda assim, as instituições se isentam da responsabilidade. A economista e coordenadora do programa de serviços financeiros do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim, critica a falta de atenção aos clientes que são vítimas de golpes financeiros.

"O que encontram quando recorrem ao SAC por telefone é uma sequência de gravações, com um roteiro cheio de perguntas que dificultam falar diretamente com alguém que os orientem e providencie os bloqueios necessários ou encaminhamento correto para contestação de operações involuntárias", explica Amorim.

Ela acrescenta que as agências não possuem atendimento priorizado ou respostas padronizadas às ocorrências, deixando a qualidade do atendimento dependente da interpretação de quem acolhe a demanda.

Nas redes sociais, chats com robôs não ajudam a resolver a questão, além de retardar procedimentos de bloqueios, reparação ou orientações sobre como melhorar as configurações de segurança.

Procon e Idec veem falhas de segurança de instituições

Representantes do Procon SP e do Idec indicam que há uma falha no sistema de segurança dos bancos, especialmente ao não identificar operações anormais em contas bancárias, que poderiam ser questionadas antes da confirmação.

A falha, para Farid, seria no gerenciamento do perfil de consumo do cliente. Ele aponta que os bancos têm informações sobre os hábitos e rotinas financeiras dos usuários, assim como tecnologia suficiente para identificar transações suspeitas, mas não agem para impedir os golpes.

"Como você justifica, por exemplo, um consumidor que teve seu celular furtado e eventualmente o bandido conseguiu fazer um empréstimo de R$ 50 mil às 3h? Ou 50 transações Pix em menos de 30 minutos e esvaziar a conta do consumidor?", questiona.

Amorim complementa que os bancos precisam desenvolver sistemas de segurança não somente para sua proteção interna, mas também do cliente, e exemplifica com o que observou no lançamento do Pix.

"O sistema foi anunciado com grande ênfase na praticidade e segurança nas operações instantâneas, mas isso entre os bancos. Pouco foi feito para dar segurança aos usuários do sistema, e hoje vivemos uma situação grave de fraudes e violência por falta de segurança para quem o opera."

A economista também critica a disponibilização automática de limite de cheque especial e crédito pré-aprovado em patamares muito acima do perfil de renda dos consumidores. "Além de estimular o endividamento, favorecem a prática de fraudes em roubos de celulares."

Febraban afirma que bancos têm investido em prevenir fraudes

Procurada pela Folha, a  Federação Brasileira de Bancos (Febraban) diz que, junto dos bancos, investe constantemente e de maneira massiva em campanhas e ações de conscientização.

"Os bancos têm implementado diversas tecnologias, como georreferenciamento, biometria, tokenização, reconhecimento de IP, além de comunicação aos clientes para preservar suas senhas e comunicar ao banco imediatamente após algum evento, roubo de celular por exemplo."

Complementa que clientes têm à sua disposição mecanismos como aviso por SMS, supressão de funcionalidades e limite de transações, e que os bancos entram em contato quando identificam anormalidades nas transações.

"Nas redes sociais da Federação, a comunicação antifraudes e golpes prossegue de forma ininterrupta por meio do site https://antifraudes.febraban.org.br/ e com a campanha 'Pare & Pense, Pode ser Golpe', amplamente divulgada em 2021, que se reinicia em setembro de 2022."

A Febraban declara ainda que, além de realizar campanhas educativas, os bancos investem cerca de R$ 3 bilhões por ano em sistemas de tecnologia da informação voltados para segurança. Segundo a federação, o valor corresponde a cerca de 10% dos gastos totais do setor com tecnologia da informação.

A entidade também afirma que os bancos atuam em parceria com forças policiais para auxiliar na identificação e punição de criminosos virtuais, com acordo de cooperação técnica com a Polícia Federal desde 2015 para o combate às fraudes eletrônicas bancárias.

"Neste período, através dos trabalhos de inteligência e investigação da Polícia Federal, já foram deflagradas mais de 60 operações como Boleto Real, BR 153, Creeper, Valentina, entre outras."

Acrescenta que apoiou o processo de tramitação da lei 14.155, sancionada em maio do ano passado, que prevê punições severas para fraudes e golpes cometidos em meios eletrônicos e declara que, sobre ressarcimento, "cada instituição financeira tem sua própria política de análise e devolução, baseada em análises individuais, considerando as evidências apresentadas pelos clientes e informações das transações realizadas".

Companhias de cibersegurança dizem que bancos são referências de boas práticas

Daniel Barbosa, especialista em segurança da informação da Eset, diz que os bancos são considerados referências de boas práticas quando se trata de proteger seus ativos, sempre implementando novas tecnologias e camadas adicionais de proteção.

"O aplicativo, por ser de propriedade do banco, conta com a mesma segurança robusta que citei anteriormente, porém, quando o golpe é dedicado a comprometer o usuário em si o cenário ganha variáveis que adicionam complexidades distintas à equação", opina Barbosa.

O especialista elogia as campanhas informativas e indica que, quanto ao auxílio às vítimas, considera imprescindível que elas saibam a que meios recorrer em caso de incidentes. "Este tipo de informação pode ser divulgado nas próprias campanhas de conscientização", complementa.

Para Barbosa, medidas automáticas de bloqueio como as sugeridas por Farid são possíveis de serem implementadas, mas podem impactar negativamente a percepção do usuário sobre o sistema, visto que ela poderia bloquear ações legítimas e gerar atrasos na utilização da plataforma.

"Ainda assim é possível pensar em formas variadas de validação de usuários, como uso ostensivo de biometria, restrição de horários para realização de determinadas atividades, fatores de autenticação adicionais com possibilidade de uso de geolocalização e diversos outros pontos", diz.

Já o diretor executivo da Redbelt Security, Eduardo Bernuy Lopes, diz que vê iniciativas por parte dos bancos com grande otimismo, especialmente as dedicadas à informação e à conscientização.

"Fazendo uma analogia, não passamos informações sobre a segurança de nossas casas caso alguém nos pergunte, mas muitas pessoas ainda inserem dados pessoais e confidenciais se quem está perguntando é um site ou uma ligação que parece um robô, solicitando que digite sua senha pelo teclado numérico."

Lopes opina que a prioridade deve ser a informação. "Os bancos estão no caminho certo. Quanto mais pessoas souberem, menor será a chance de serem enganadas.

Fonte: com informações da Folha de S.Paulo


O nosso site usa cookies

Utilizamos cookies e outras tecnologias de medição para melhorar a sua experiência de navegação no nosso site, de forma a mostrar conteúdo personalizado, anúncios direcionados, analisar o tráfego do site e entender de onde vêm os visitantes.

Centro de preferências de cookies

A sua privacidade é importante para nós

Cookies são pequenos arquivos de texto que são armazenados no seu computador quando visita um site. Utilizamos cookies para diversos fins e para aprimorar sua experiência no nosso site (por exemplo, para se lembrar dos detalhes de login da sua conta).

Pode alterar as suas preferências e recusar o armazenamento de certos tipos de cookies no seu computador enquanto navega no nosso site. Pode também remover todos os cookies já armazenados no seu computador, mas lembre-se de que a exclusão de cookies pode impedir o uso de determinadas áreas no nosso site.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são essenciais para fornecer serviços disponíveis no nosso site e permitir que possa usar determinados recursos no nosso site.

Sem estes cookies, não podemos fornecer certos serviços no nosso site.

Cookies funcionais

Estes cookies são usados para fornecer uma experiência mais personalizada no nosso site e para lembrar as escolhas que faz ao usar o nosso site.

Por exemplo, podemos usar cookies de funcionalidade para se lembrar das suas preferências de idioma e/ ou os seus detalhes de login.

Cookies de medição e desempenho

Estes cookies são usados para coletar informações para analisar o tráfego no nosso site e entender como é que os visitantes estão a usar o nosso site.

Por exemplo, estes cookies podem medir fatores como o tempo despendido no site ou as páginas visitadas, isto vai permitir entender como podemos melhorar o nosso site para os utilizadores.

As informações coletadas por meio destes cookies de medição e desempenho não identificam nenhum visitante individual.

Cookies de segmentação e publicidade

Estes cookies são usados para mostrar publicidade que provavelmente lhe pode interessar com base nos seus hábitos e comportamentos de navegação.

Estes cookies, servidos pelo nosso conteúdo e/ ou fornecedores de publicidade, podem combinar as informações coletadas no nosso site com outras informações coletadas independentemente relacionadas com as atividades na rede de sites do seu navegador.

Se optar por remover ou desativar estes cookies de segmentação ou publicidade, ainda verá anúncios, mas estes poderão não ser relevantes para si.

Mais Informações

Para qualquer dúvida sobre a nossa política de cookies e as suas opções, entre em contato conosco.

Para obter mais detalhes, por favor consulte a nossa Política de Privacidade.

Contato